Por dentro da produção da Trilogia YVY.

Em um galpão na região de Nova Lima, nos arredores de Belo Horizonte, fica a destilaria da YVY, fundada em 2017 pelo empresário mineiro André Sá Fortes e pelo expert e mestre destilador inglês Darren Rook. Ali são produzidos os três rótulos de gim da marca, que compõem uma Trilogia batizada a partir dos elementos da natureza. YVY Mar apresenta uma combinação inédita de 12 ingredientes de outros países que desembarcaram no Brasil com os imigrantes. YVY TERRA homenageia os povos nativos brasileiros através de 19 ingredientes que nasceram aqui. E YVY AR representa o Brasil contemporâneo, da mistura humana por meio de 16 'botânicos' daqui e de outros cantos do planeta.

Sem dúvida, o gim virou uma febre nos últimos anos, tornou-se 'pop'. Caiu no gosto do brasileiro tanto pelo sabor inconfundível, quanto pela versatilidade. Portanto, há uma curiosidade natural de saber como o destilado - que nasceu há mais de 400 anos como remédio para diversas pestes - é produzido por aqui. No caso da YVY, é usado o álcool neutro - à base de cana de açúcar, padronizado em laboratório para garantir sempre as mesmas características físico-químicas em todos os lotes - que ganha o toque do zimbro (único item obrigatório) e os ingredientes de cada receita.

Os 'botânicos', como os elementos que conferem sabor e aroma são chamados no universo da destilação, são pesados meticulosamente e colocados no alambique, que já está preenchido com água e o álcool neutro. "Quando o líquido é aquecido, o calor faz com que o vapor percorra toda a extensão do alambique de cobre desenvolvido especialmente pelo Darren, absorvendo todos os aromas e sabores dos ingredientes. Este vapor se desloca para a coluna de condensação e, ao encontrar a água fria que corre pelas tubulações, transforma-se em líquido, que na realidade já é um gim super concentrado", explica Pedro Lamounier, gerente de operações da YVY. No Brasil, o máximo de graduação alcoólica a que uma bebida pode chegar é 54%. Então, este concentrado é coletado e depositado num tanque de inox para ser diluído até chegar ao teor necessário - 46% (MAR), 47,5% (TERRA) e 40% (AR) - e ser homogeneizado.

Durante este processo, há particularidades nas etapas de cada rótulo. No caso de YVY Mar, uma parte da receita fica em contato direto com o álcool diluído, e a restante na cabeça do alambique. Interessante ressaltar que a laranja e o limão - cítricos fundamentais na receita - são frescos e colhidos no próprio dia da destilação. Já YVY Terra passa por uma primeira infusão parcial de alguns ingredientes, só depois são colocados os outros botânicos, e aí sim começa a destilação. O interessante é que Terra talvez seja o único gin no mundo em que o zimbro passa por uma torra (como a do café) antes de chegar ao alambique. YVY Ar também passa pelo mesmo processo do anterior, mas após a homogeneização dos ingredientes ainda é feita uma terceira infusão de morango-silvestre (nativo brasileiro) e framboesa, que conferem sabor, aroma  e cor característicos deste gim de tom rosado. 

Por fim, a bebida vai para o tanque e fica por três dias em repouso até estar pronta para ser engarrafada. "É uma destilaria com a estrutura e os cuidados mais modernos da indústria, mas ao mesmo tempo totalmente artesanal. Tudo é feito à mão! A enchedeira é rudimentar, hermeticamente fechada e rústica, absolutamente segura. Os  rótulos são rodados na manivela", completa Pedro. Taí uma prova de que história e cultura também podem ser engarrafadas!